sábado, 10 de novembro de 2007

Medo irracional

Essa semana aconteceu uma coisa bastante triste comigo.
Quando cheguei em casa, antes de descer do carro, meu falou que iria. Eu desci do carro e fui abrir o portão. Foi aí que lembrei que havia deixado minha chave dentro do carro.
Neste exato momento, reparei num homem negro, de boné, sem camisa e com uma bolsa preta nas mãos. Completamente apavorada, comecei a gritar e a tocar a campanhia para o meu irmão vir abrir o portão. A sensação de pânico foi terrível. Imaginei que aquele homem fosse me assaltar e como estava apenas com uma jaqueta nas mãos, temi que pudesse até ser baleada.
Completamente transtornada, me virei e vi que o homem me olhava com um olhar de pena. Claro que ele percebeu que o meu estado havia sido causado por ele, pelo fato dele ser negro e por eu manifestar o meu preconceito e discriminação tão claramente.
Quinze minutos depois meu chegou e buzinou para que eu abrisse o portão da garagem. Quando sai, dei de cara com o meu vizinho que, sem ar, disse pensar que seria assaltado por um homem que estava passando na rua. Homem este que também era negro.
Comentei com a minha mãe os dois fatos que haviam ocorrido e a resposta dela para tanto preconceito é a presença constante da violência em nossas vidas. se é assim, então porque será que não temos medo quando vemos alguém branco? Afinal, a maior prova de que os brancos também roubam são os políticos que elegemos para governar o nosso país. Considero esta uma das piores formas de violência, uma vez que, com seus trambiques por baixo do pano, causam a morte de pessoas que vivem em lugares sem a mínima condição de vida.
Claro que não podemos negar que uma grande parte das pessoas envolvidas em crimes são negros, mas é preciso lembrar que tivemos longos séculos de violência para com os negros durante o período da escravidão. E depois da abolição foram jogados sem nenhuma condição de sobrevivência. Podia passar horas relatando as formas de abandonos e discriminação que sofreram.
Provavelmente, foi por isso que senti medo daquele homem. Isso, porém, não afastou a raiva que senti de mim mesma. Tenho muitos amigos negros, tenho sangue negro nas minha veias, afinal, qual é o brasileiro que não tem??

Nenhum comentário: